Venham conhecer um pouco da mente de um dos autores brasileiros de maior sucesso!
Olá roladores de dados!

Essa postagem dá o pontapé inicial a nossa série de entrevistas, todas focadas em bater um papo com criadores de conteúdo a respeito do seu processo criativo. Nosso desejo é que entendendo como é a mente de cada autor que você aprecie o trabalho, sinta o impulso de correr atrás e escrever/publicar seus próprios materiais.

Falando rapidamente sobre o Diogo Nogueira, ele tem jogos disponíveis de forma gratuita na internet que são o Bruxos & Bárbaros, Espadas Afiadas & Feitiços Sinitros e o jogo em financiamento no indiegogo Solar Blades & Cosmic Spell que deverá sair no ano que vem no nosso idioma.

Com a demora da publicação desta entrevista (olhem duas vezes para os lados para ter certeza que dá pra atravessar a rua galera ou vocês se machucarão) boa parte das metas do financiamento já foram batidas e com certeza todas serão.

Mas vamos lá!
A imagem pode conter: 3 pessoas

Entrevista

Guilda dos Mestres:

Boa noite antes de tudo! Gostaria de começar te parabenizando pelo sucesso do financiamento!

Diogo Nogueira:

Poxa, valeu! Foi uma surpresa! Não esperava mesmo. Esperava que fosse rolar, mas não tão rápido!

Guilda dos Mestres:
Bom, começando com as perguntas, gostaria de saber como foi o processo criativo para desenvolver o Espadas Solares.

Diogo Nogueira:

Eu confesso que sou meio desorganizado. Eu vou tendo ideias e vou anotando elas meio soltas em uma espécie de bloco de notas no celular.

Se eu acordar de madrugada e tiver uma ideia, eu vou lá, pego o celular e digito.

Raquel, minha esposa, fica possessa às vezes, porque do nada eu pego o celular e começo a digitar.

Mas isso é preciso, pelo menos pra mim.

Daí, volta e meia quando o tempo permite. Eu vou e “organizo” essas notas. Tento fazer algum sentido delas.

Daí de várias ideias de jogos de espada e feitiçaria, pós-apocalíptico e ficção científica, eu acabei bolando um jeito de misturar tudo. Influenciado por várias coisas que eu gosto: filmes, literatura, quadrinhos, desenhos animados, etc. O Solar Blades surgiu assim.

Organizei essas ideias e montei um esqueleto do que eu queria que tivesse no livro. Tipo um índice mesmo e fui preenchendo esse esqueleto, dia a dia. Botei uma meta de escrever 1000 palavras por dia. Fizesse chuva ou fizesse sol.

Guilda dos Mestres:
Uma meta e tanto! (risos)

Diogo Nogueira:

Ia dormir mais tarde, mas escrevia 1000 palavras. Se desse, escrevia mais…Parece muito. Mas eu escrevia no celular, então a qualquer momento eu podia digitar. No metrô, no banheiro, esperando a esposa em algum lugar. De pouquinho em pouquinho, chegava lá.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e pessoas sentadas

Diogo desenhando junto do seu filho

Guilda dos Mestres:

Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas para ter uma ideia da reação do público?

Diogo Nogueira:

Ah, a gente está sempre revisando nossas coisas né? E eu vou mostrando para amigos e pessoas próximas. Trocando ideias.

Boto no blog, as pessoas comentam. Indicam fontes de inspiração. Conheci muita coisa legal que me fez repensar algumas coisas do jogo com indicações. Mas a verdade é que tem uma hora que a gente tem que botar pra frente. Nada é perfeito.

Feito é melhor que Perfeito.

Guilda dos Mestres:

Então de diversas fontes você extrai o conteúdo que gera suas ideias. Como se manter criativo em um cenário onde as “homenagens” rolam soltas?

Diogo Nogueira:

Eu gosto muito de um livro chamado “Roube Como um Artista”. Ele fala basicamente o seguinte: tudo já foi feito, mas a gente pode fazer de novo do nosso jeito.

Quase sempre quando a gente diz que um trabalho é original, é porque a gente não conhece as fontes que levaram àquele trabalho. Acredito que ser criativo é conseguir pegar essas várias influências e dar um sentido novo a elas. Inserir um toque pessoal, dar um novo significado.

Plagio é quando a gente rouba de uma só fonte. Criatividade é quando fazemos isso de várias, honrando essas influências.

Guilda dos Mestres:

Que mensagem você daria pro Diogo quando criou o Pontos de Experiência? Como foi o processo de aprendizado de criação de conteúdo de lá para cá?

Diogo Nogueira:

Nossa. Deixa eu pensar…Acho que seria algo mais no estilo “Não se preocupe com que os outros querem. Se preocupe em fazer o que você gosta. As pessoas que gostam da mesma coisa vão acabar achando seu conteúdo.”

E o aprendizado de lá para cá foi muito gratificante. Cada pessoas que a gente conhece tem algo a nos ensinar, seja como algo positivo ou como uma lição do que não fazer.

Eu cheguei a começar a fazer um jogo no início do blog, o Bruxos & Bárbaros. Mas não consegui terminar.

Arte para o livro em financiamento Solar Blades & Cosmic SpellsEle acabou dando origem ao Espadas Afiadas & Feitiços Sinistros. Foi um aprendizado.Nenhum texto alternativo automático disponível.

Guilda dos Mestres:

Você tem contato com o cenário internacional. Como vê a postura dos autores independentes de lá que difere com os autores de jogos nacionais?

Diogo Nogueira:

Acho que a camaradagem. Acho que aqui rola um senso de competitividade meio estranho.

Tipo “ele é meu concorrente”, “meu rival”. Lá fora eu vejo uma cooperação muito legal. Troca de experiências. Uma rede de suporte entre autores que é invejável. Claro que isso não é regra geral. Não estou dizendo que todos os autores daqui fazem isso. Mas vejo isso em uma boa parte, e até numa parte que, em teoria domina o mercado e não precisaria se preocupar com o cara pequeno.

A imagem pode conter: desenho

Arte do vindouro Solar Blades & Cosmic Spells

Guilda dos Mestres:

Quais autores você toma como inspiração hoje? Tem alguém que influencia seu trabalho?

Diogo Nogueira:

Poxa, muita gente.

O James Raggi é uma inspiração forte. Talvez mais pela atitude do que qualquer outra coisa. Aquele texto do “I Hate Fun” me chutou da cadeira e me fez querer produzir imediatamente.

O Kevin Crawford, autor do Stars Without Number, Godbound, Silent Legions e outros jogos também é uma fonte de inspiração permanente. O cara produz muito, sempre um material de muita qualidade e utilizada em outros jogos.

O James Spahn, da Brave Halfling é outro. O cara é uma maquinda de produção de jogos. Além dos vários jogos OSR que ele faz, ele ainda trabalha no The One Ring e no Star Wars da FFG!

O Matt Finch do S&W é outro. O Ben Milton do Maze Rats… Cara, tem muita gente.

No livro do EA&FS tem um lista dos autores que influenciaram meu trabalho. E na real, cada autor independente que eu vejo metendo a cara e produzindo algo, sem recurso, se virando, me inspira demais.

O hobby é nosso!

Guilda dos Mestres:

No momento desta entrevista, 103 financiadores apoiaram o projeto Solar Blades e estamos batendo as metas extras. Ainda tem muito chão pela frente… Recentemente tivemos o Matt Colville obtendo uma quantia imensa de dinheiro em um financiamento de livro simples…Já cogitou a possibilidade do seu trabalho estourar durante esse financiamento?

Diogo Nogueira:

Hahaha… Sinceramente, não. Prefiro esperar o pior pra não ter decepção!

Eu adoraria poder viver disso, adoraria mesmo. Quem sabe um dia!

Se eu continuar produzindo, entregando e fazendo coisas de qualidade. Pode ser que eu consiga viver disso em, sei lá, uns 10 anos?

Ia ser fantástico. Invejo muito quem consegue. Mas por enquanto, é no amor e na paixão pelo jogo mesmo.

Guilda dos Mestres:

Que conselho(s) você pode dar a quem quer começar a escrever e produzir seu material?

Diogo Nogueira:

Senta e faz. Não se preocupe com a perfeição do produto. Feito é melhor que bem feito. Você vai melhorar com o tempo. Com a prática. O verdadeiro abismo está entre os que não fazem nada e os que fazem. Depois que você começa a produzir, é só questão de ir aprimorando.

O processo. Você só tem como ser notado se você se deixar ser notado.

Compartilhe o seu trabalho.

Guilda dos Mestres:

Quero agradecer pelo seu tempo! A Guilda dos Mestres é fã do seu trabalho e acompanha de perto sua criação de conteúdo. Algum recado para nossos leitores e financiadores do Solar Blades?

Diogo Nogueira:

Rolem dados! Se levem menos a sério e não tenham medo de colocar a mão na massa, produzirem algo e botar na internet pra galera! Compartilhem a diversão!

Fim da entrevista

É galera, espero que o ímpeto de escrever e colocar a mão na massa surja em vocês a medida que fomos entrevistando mais autores!
Quem sabe um dia não será você o entrevistado por nós?
Acreditem no seu potencial e transformem em realidade aquilo que habita o cofre das ideias!
Para aqueles que manjam da língua gringa mais falada no mundo, confiram as metas exclusivas para brasileiros na página do financiamento! Se não apoiou, está na hora!

Solar Blades & Cosmic Spells

Sempre caloroso, seu amigo Cérebro no Jarro.


Publicidade