A quest em busca de RPG no maior evento de cultura pop da América Latina!

De 06 a 09 de dezembro de 2018 estive na CCXP em São Paulo e lá tentei mapear o que há disponível e de visibilidade para o nosso querido e inestimável hobby. Infelizmente, fiquei um pouco decepcionada.

Não é o objetivo do evento, eu sei, mas ainda assim, a CCXP surge como uma convenção de quadrinhos, ou seja, de uma mídia impressa, não é pedir demais que exista espaço para outros meios não digitais.

Aliás, o foco do evento parece ter dispersado até mesmo dos quadrinhos em muito.

Vamos do começo.

O evento

A CCXP é um evento gigantesco, neste ano, segundo a assessoria de imprensa da convenção, foram cerca de 262 mil pessoas. Sem dúvidas, é um lugar repleto de diversão, curiosidades, novidades, atristas e muito mais.

Os quadrinhos, que dão nome a coisa toda, não parecem mais ser o grande centro das atenções, apesar de ainda haver esforços de colocar o Artist’s Alley bem no centro do pavilhão, dando certa evidência. A ênfase volta-se mais aos filmes e séries oriundas da temática das HQs e outras com fandoms de muita força no mundo nerd/geek.

Dentre os jogos os digitais têm bastante visibilidade havendo estandes de desenvolvedoras, e os boardgames surgem timidamente com espaços de jogo como o da Galápagos (exclusivo) e um bom numero de lojas oferecendo esse produto.

Mesmo assim, a convenção é magnífica, de encher os olhos, se divertir muito, fazer amizades, trocar ideias e esvaziar os bolsos.

E o RPG?

São poucas as opções de RPG que se encontram na feira. Apesar de muitos produtos relacionados ao jogo como camisetas temáticas e dados multifacetados, não há muita oferta nem espaço para jogar.

Procurando pelas lojas, encontrei livros importados da quinta edição do Dungeons and Dragons no estande do Card Game Magik: The Gathering. O mesmo estande tinha o boardgame da franquia.

Como de esperar, a Jambô e a Redbox (uma ao lado da outra) estavam bem munidas de material de Tormenta e Old Dragon, além de alguns outros títulos disponibilizados pelas editoras. Dentre elas, apenas a Redbox oferecia espaço para jogar.

Foi na Piovesan Miniaturas que encontrei coisas mais “antigas” e materiais relacionados como livros sobre RPG, dados diferenciados, miniaturas etc.

Por fim, acho realmente uma pena que um evento que leva “quadrinhos” no nome tenha se distanciado tanto do objeto “gibi”. Nada contra adotar as grandes mídias, porém, já que faz isso, um pequeno esforço em abraçar e valorizar outros elementos da cultura nerd/geek como um jogo que estimula a criatividade, raciocínio, imaginação e interação social que é o RPG poderia sim ser pensado. Talvez eu esteja sendo idealista e sonhadora ou talvez ano que vem eu veja o poder de empresas maiores com o anúncio feito recentemente sobre o RPG mais famoso do mundo, não é? Veremos…

E o ODday’2018…

No dia 09/12 teve o ODday, o dia de jogar Old Dragon que acontece todos os anos em comemoração ao aniversário do sistema. Neste ano, o evento aconteceu juntamente com o último dia da CCXP.

Informalmente pelas redes sociais, meu amigo Fabiano Neme já havia me convidado a mestrar por lá, convite que foi confirmado quando cheguei ao estande da RBX pela Fabi Ponte, Antônio Pop e Dan Ramos, até porque foram neste ano com a equipe bem reduzida.

Muito bem, aceitei e marcarmos domingo às 13h30 no estande. Não tivemos quórum (na verdade apareceram com mais de 1h30 de atraso, só que eu tinha um voo pra pegar) e não rolou. Uma pena…

Porém, como é comum de acontecer comigo, os deuses da aleatoriedade rolaram seus dados e resolveram escrever uma história diferente…

Eu estava na sala de embarque do aeroporto aguardando meu voo e percebi que dois meninos de 7 a 9 anos ficavam me olhando. Eu vestia uma camiseta com dois d20’s de estampa.

Embarcamos no mesmo avião e sentamos muito perto, eles estavam acompanhados a avó. Eles ficaram cochichando com ela até que a senhora, dona Arieta, veio falar comigo. Perguntou se a minha camiseta era de RPG e disse que os netos dela falavam muito disso e queriam aprender, mas não tinham quem ensinasse.

Sim, eu mestrei no avião.

Obviamente não foi a bela aventura do ODday’18 escrita pela Elisa Guimarães, mas só tinha a aventura, as fichas e dados disponíveis. Daí eu improvisei uma história que eles acordaram e não tinham pão pro desjejum (um escolheu Galduk e outro Dungo, influências do filme O Hobbit, pelo jeito que falavam). Foram comprar pão e o padeiro disse que a farinha havia acabado, então não tinha pão. Foram ao mercado comprar farinha pro padeiro e lá ficaram sabendo que o vilarejo não recebia farinha há uma semana e o estoque havia chegado ao fim. Então descobriram que um monstro havia tomado conta do moinho… e assim foi…

Simples, mas se divertiram.

Eu comprei chaveiros de dados multifacetados no evento para dar de lembrança, acabei deixando dois de d20 com os meninos. No fim das contas, só tenho a agradecer ao Miguel, Bernardo e a dona Arieta, espero que levem o RPG adiante!

E eu insiro avião na lista de lugares inusitados que já joguei, na qual se incluem: fila de cinema, elevador parado, cozinha de festa de 15 anos entre outros.

Por curiosidade, o ODday’18

Apenas por curiosidade, mestrei A Sombra que Veio do Mar, aventura do ODday’18, uma semana depois, dia 15/12, na Taverna do Valhalla, aqui nas cercanias de Pelotas, na verdade a taverna fica na pequena cidade vizinha de Capão do Leão.

A sessão contou apenas com jogadores novatos em Old Dragon, teve vassouradas, influencia de entidades caóticas (minha filha de 3 anos que desenhava no grid e trocava as miniaturas de posição) e um mago traíra no final. Muita diversão mesmo com o terror cuthulhesco sugerido pelo Vale do Trovão.

Agradeço ao grupo (que quer jogar mais) e especialmente ao dono da Taverna, meu amigo Domênico Gay – ele mesmo, um dos autores e o ilustrador do Mighty Blade, porque RPG é jogo colaborativo, nada de discriminação! Vai ter OD na Taverna e estarei na mesa dele de MB quando ele quiser!) por abrir o espaço!

 


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