A noite cai, os predadores se erguem. Eles são os reis desmortos.

Um predador é criado, primeiramente, selecionando-se o escolhido. Dentre as presas, o que exibe os talentos mais valiosos é raptado.

Achar seu escolhido requer paciência e perseverança – e pode ser necessário um guia para que ele possa atingir o potencial necessário. Uma noite para o renascimento é escolhida. Simbolicamente, a noite mais longa é a preferida. Então, o escolhido deve se despir do seu casulo mortal. Isso deve ser feito de tal maneira a evitar lesões corporais que podem ser incuráveis após a morte e que persistam como deformidades ao predador posteriormente. O método tradicional, que oferece benefícios óbvios, é se alimentar do escolhido até que seu coração bata pela última vez. Então, o sangue do predador é dado ao escolhido. Algumas gotas em sua boca bastam.

O escolhido é então sepultado de uma maneira que previne exposição ao sol, ou a presas
curiosas. Por razões práticas e simbólicas, uma tumba é cavada em terra não consagrada – seis palmos são adequados. Nessa sepultura, o escolhido é enterrado dentro de um caixão até o começo da próxima noite, quando então ele é exumado.

No instante que o escolhido faz o menor dos movimentos, ele renasce um predador.

Renovado estou das férias de fim de ano da GdM, eu, o Cérebro no Jarro retorno para vocês com a resenha/avaliação do Desmortos. Um jogo de horror, sobre vampiros predadores imortais, Territorialistas e Sedentos por sangue.

Aqui no Brasil é distribuído pela Fábrica Editora, podendo ser adquirido diretamente no site deles. O livro possui artes internas em tons de preto e é recomendado para maiores de 18 anos. Com grande felicidade, recebemos esse belo livro, cedido pela editora na redação da GdM e foi uma grata surpresa!

Vamos lá, não quero perder tempo fazendo comparações com aquele jogo famoso de vampiros. Sério, gostei dele por anos…mas hoje, Desmortos é meu jogo favorito do gênero.

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Arte de Innistrad – Reflete bem o que esperar dos vampiros em Desmortos. Não encontrarás aqui caricaturas das criaturas consagradas da literatura.

Desmortos traz uma proposta simples e direta para os fãs das criaturas da noite mais famosas do cinema e literatura mundial, você não perderá horas criando uma ficha, aqui ela é rápida e elegante de ser criada.

Não há rolagens de dados, o Sangue é a palavra chave da resolução dos conflitos encontrados no jogo.

Há intriga, política, violência e sexo. Foge do espírito GTA ou X-Men sobrenatural. Sim, eu sei que vocês gostam disso…mas sou um fã da obra de Anne Rice e do “Vampiro que descobriu o Brasil”, boas histórias como essas são o foco do Desmortos.

O sistema é fácil. As cartilhas de personagem são simples de entender e fáceis de preencher. Em minutos um neófito ou veterano dos jogos de interpretação consegue sair jogando. Já o papel do Mestre do Jogo é facilitado também. Sem um peso mecânico exagerado, este jogo possibilita entraves que podem durar décadas ou centenas de anos dentro da ficção. O sistema é baseado na famosa engine world, portanto, o foco narrativo atrelado a mecânicas de uma agenda e eventos possibilitarão uma histórica rica e fluida.

Logo, perceba que nesse jogo você não irá pensar no ciclo diário de um personagem, mas nas ações prolongadas que acontecem sob as amarras da sociedade vampírica que aqui é retratada como um bando que luta constantemente pelo posto de liderança.

A leitura é clara, simples e elegante. O trabalho de regionalização foi impecável. O livro é bonito, simples e compacto.

Nota: Os correios tentaram destruir o livro, mas graças ao plástico bolha que envolveu o livro, recebi ele sem danos. Fica a dica para editoras que não utilizam plástico bolha em seus pacotes.

 

Os esquemas e luta pelo poder são a chave para a conquista da sociedade vampírica. As presas são apenas fonte de poder. Decisões táticas levam você a ponderar sobre a aquisição de Sangue, fazer Dívidas com amigos e inimigos, bem como seus laços com a Humanidade que existe dentro de cada personagem.

Algo interessante do jogo é a possibilidade de oscilação do status quo do personagem. Logo não é uma curva ascendente pelo poder, mas uma oscilação constante atrelada a uma luta pelo espaço entre as criaturas das trevas.
O livro impulsiona e traz ideias sensacionais para sessões one shot e eventos, para que mestres tenham oportunidade de testar bastante o jogo e experimentar suas diversas facetas.

Não espere encontrar em Desmortos um clone daquele outro jogo, ele é único. Com uma identidade forte e caracterizado pelo digladiar de desejos e anseios de seres que foram tomados por uma escuridão interior.

O que mais gostei do jogo foi o impulso em encontrar dilemas durante a narrativa, onde nem sempre sua aposta (relembrando que aqui a medida de aposta é o Sangue) resultará em vitória do embate.

Desmortos é um jogo para aqueles que gostam de criar histórias sem amarras mecânicas, para os fãs das origens dos vampiros e que não se prendem a livros de regra. É um jogo para explorar os limites ficcionais de um mundo onde predadores são reis e nós humanos somos a caça.

 

 

 


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