Me chamo Fafhrd. Sou Gray Mouser, como pronuncia isso? Faf-hrud? É Faf-erd.

Tomorrow will take us away
Far from home
No one will ever know our names
But the bard’s songs will remain
Bard’s Song – Blind Guardian

Essa postagem é inspirada nos jogos Espadas Afiadas & Feitiços Sinistros, Dungeon Crawl Classics, Companhias Mercenárias de Belmonte e Blade of the Iron Throne.

Aqui vão algumas dicas para manter uma mesa ao estilo Espada & Feitiçaria!
A lista abaixo é fundamental para manter o clima da sua mesa excitante e cativar a atenção dos seus jogadores.

1. Leia os livros do gênero
Apesar de abundarmos em mídias visuais, é importante ler os fundamentos que originaram o gênero e manter seus elementos vivos na mente do Juiz do Jogo.

2. Lutas emocionantes
Combate é algo importante quando se joga RPG, então nunca diga apenas “Eu ataco”. Busquem descrever a ação de uma forma dinâmica, usando elementos do cenário ao redor para obter vantagem e buscando a ação na imaginação. O combate deve ser rápido, fluido e divertido ao ponto de fazer a galera saltar de suas cadeiras.

3. Faça com estilo
Os personagens devem parecer interessantes ao realizar suas ações. Abusar de atitude, panache e de suas qualidades é muito interessante.

4. Não há espaço para sutilezas
Quando lidamos com traições, lealdade, honra e vingança, os personagens devem demonstrar seus sentimentos! Então quando o inimigo jurado do Bárbaro da Tundra surgir diante dele em um combate, o personagem deve berrar impropérios contra seu alvo e jurar sua morte diante dos deuses justos!

5. Todos tem um passado
Não tente preencher todos os buracos da história do personagem no momento da criação, busque colaborar junto da mesa para trazer memórias e paixões a tona. Um momento esquecido pode ser reavivado e desencadear uma série de eventos interessantes. A cooperação dos dois lados da mesa é vital para que um membro da família surja ou que um amigo traiçoeiro faça uma boa cena.

6. Não vasculhe cadáveres
Pilhar cadáveres é algo rude. É estranho como isso se tornou comum ao longo dos anos e banalizado em outros jogos. Você lembra de Conan ou Elric enfiando as mãos nos bolsos dos corpos atrás de algumas moedas? É aceitável pegar uma arma que está caída no chão ou procurar por pistas que desvendem um mistério, porém tudo que você precisa conquistar deve ser obtido durante a jornada e não de comida de verme.

7. O mundo é feito de clichês
Use estereótipos e pontos fortes. Vilões com tropas, fortalezas secretas, planos nefastos e eremitas em um local estranho são grandes ideias e que alimentam a imaginação dos jogadores!
Óbvio que você, amigo Juiz do Jogo, não deve abusar. O segredo do sucesso é a moderação, abusar de clichês durante uma sessão pode ser enfadonho.

8. Se não é interessante, deixe para lá
Ninguém quer saber se o Cavaleiro Galante deu uma passada no banheiro para afundar um submarino. O sono não deve ser descrito por longos minutos de forma que o grupo se perca ou alguém tenha tempo de catar o celular.
O mundano pode trazer bons momentos, porém queremos manter a ação por aqui.

9. Correria gera correria
Em jogos de ação, adrenalina é vital. Não dê tempo para uma freada lenta. As freadas devem ser súbitas e longo em seguida arrancadas devem acontecer.
Isso não significa que a mesa deve ser um combate sem fim, porém as coisas devem continuar andando, um passo de cada vez. Nada de abrir espaço para o tédio ou dúvidas enquanto as flechas voam e lâminas batem contra seus escudos.

10. Não é sobre combate
Muitos se enganam quando dizem que o gênero é sobre fatiar e picar. Temos melodrama, comédia pastel e virada de acontecimentos como parte da ação. Permita os jogadores terem sua história! Lutas sem fim só tornam a mesa boba e sem sentido.

11. Peões
Stormtroopers, lacaios, soldados…eles trazem o chamado da ação e farão os personagens se sentirem heroicos! Pense em Aladdin fugindo dos guardas pela cidade! Envie montes desses caras desajeitados e sem muito treinamento para que eles sintam perigo, mas sem ser uma ameaça real. Os vilões tem bandos desses caras, Juiz do Jogo, use-os com sabedoria.

12. Aliados
Da mesma forma, os personagens farão aliados e eles devem aparecer da mesma forma que os peões dos vilões.

13. Faça os personagens brilhar
Em um jogo de ação não queremos um NPC aparecendo pra roubar a cena, nosso foco é contar a história daqueles que estão ao redor da mesa e fugindo da realidade.
Não deixe que eles escapem de situações de forma frívola, valorize seus momentos ardilosos e os puna pela estupidez. Não caia no truque de rolar um dado pra cada coisa que possa acontecer.

14. Permita aos personagens falhar
Não seja uma babá. O perigo deve ser captado pelos personagens/jogadores e eles devem lidar com isso. Momentos de azar vão atrair rolagens que farão os personagens parecerem tolos e a burrice pode acometer subitamente a qualquer um. Nesse momento a história deve seguir seu curso, mesmo que isso signifique uma TPK (total party kill, é inglês para fodeu muito e geral morreu). Os personagens não são especiais! Nada de imunidade ou falsa sensação de perigo.

15. Bons vilões não morrem, eles vivem para fazer novas aparições
Vilões devem ser um pé no saco dos jogadores. Devem sempre ter uma rota de fuga ou um ardil. Sei que jogadores tem um gostinho por sangue, então conhecendo sua mesa, você saberá o momento de usar um truque para tirar nosso cara malvado da cena. Se tudo der errado, ele ainda pode voltar como um fantasma e se tornar ainda mais apavorante.

16. Criando a grande pintura
RPG é sobre imaginação. Se você não der informações sobre as texturas do jogo, os jogadores ficarão perdidos. Descreva as cenas, os personagens nela e tente de forma criativa usar dos cinco sentidos dos personagens. Trilha sonora é algo que ajuda muito a colocar todos na mesma página e entender a proposta da mesa.
Mas vê lá, aqui é Espada e Feitiçaria! Não vá me gastar horas descrevendo paus e pedras como um autor de fantasia que muitos superestimam por aí!

17. Deixe que rolem os dados
Um problema surgiu? Role os dados. Os dados são a verdade e o caminho. Eles darão o resultado honesto e caótico que moverá a história. Sempre que uma situação surgir e houver um talvez, permita os jogadores rolarem os dados e use-os de forma sábia.
Deixe que o resultado dos problemas estejam sempre na mão dos jogadores e isente-se de culpa, ó grande Juiz do Jogo.

18. Mantenha seus vilões na linha
Dê a eles objetivos, agendas e um modus operandi. Nenhum vilão quer que seu tenente o esfaqueie durante a noite e acenda sob seus lacaios. Faça que as coisas aconteçam da forma que deve ser e respeite a hierarquia do mau.
Um excelente personagem para manter na mente é o Destruidor das Tartarugas Ninja. Ele segue a risca a cartilha!

19. Encontros devem gerar ganchos
Se um momento é importante na mesa, ele deve gerar um passo a seguir. Cenas precisam ser provocantes e antecederem avalanches de acontecimentos que farão seus jogadores contarem lembranças sobre essa mesa daqui a 10 anos!
Crie locações fantásticas, brinque com acontecimentos aleatórios e traga enigmas que farão eles colocarem as mãos nos queixos.

20. Dê aos jogadores pequenos segredos
Algo de estranho e duvidoso sempre deve estar na mente dos jogadores. Mesmo que aja uma história maior, eles devem se perguntar a razão de não lembrarem de um dia em específico ou o que aquela velha cartomante quis dizer…Mistérios menores devem pairar sobre cada um dos jogadores para que quando vierem a tona, a surpresa seja um elemento forte a todo resto da mesa!

Essas não são regras engessadas. São conselhos e convites a explorar um mundo de fantasia onde o aço é o inimigo da feitiçaria. Onde jogadores e juízes de jogo poderão alterar conceitos a seu bel prazer e é isso que vocês precisam: dar características próprias ao seu jogo. A autoridade final sobre a condução da mesa está sobre os envolvidos ao redor dela! Estando todos na mesma página, o jogo será fluido e divertido.
Ignorar regras as vezes é importante para permitir a diversão de todos, mas a palavra final é sempre do Juiz do Jogo.


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