Por várias vezes me deparei com debates longos e chatos sobre alinhamento no meio de sessões de D&D. A coisa piorava quando entravam em jogo o fator religioso de certas classes como clérigos e paladinos.

Sempre tem um mala que fica recriminando todo mundo com base nisso, dizendo que tal alinhamento nunca faria tal coisa. As vezes isso gera até um PvP desnecessário e atrasa o jogo e diversão da galera. Com base nesses conflitos eu quero apresentar algumas abordagens para lidar com tudo isso.

Hoje falaremos sobre 5 formas de manter o grupo unido no amor e 1 para separá-lo de vez

1ª) Contrato social e o bom senso

Esta seria a abordagem mais sensata a se usar e chega a ser idiota ter que pensar em outras, mas vamos lá.

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1 sessão por mês não tem como perder tempo com essas briguinhas de alinhamento.

Há quem chame de “forçar a barra” ou “assassinar o role play”, mas eu chamo de seguir o jogo em paz!

Você pode apelar para o emocional bom senso lembrando do trabalho e esforço que todos fizeram para participarem da sessão. Seja objetivo e relembre que se divertir é o foco, mesmo que isso signifique dar o braço a torcer em situações menores…. As vezes funciona e a galera toca o barco pra frente.

2ª) Alinhamento é uma tendência e não um juramento

Se a diversão não convencer, tente apelar para a falta de unanimidade que o assunto apresenta.

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“Você tem 1 ponto válido e ele também, mas o personagem é dele! Bora jogar?”

O alinhamento é uma direção e não um trilho de trem! O mais saudável é deixar cada um interpretar como quiser.

Existem tantas interpretações sobre como os alinhamentos deveriam influenciar o role play que não se pode assumir uma única forma. Algumas versões de D&D usavam Tendência ao invés de Alinhamento e isso ajuda a entender que alinhamento é uma tendência e não uma norma ou juramento inquebrável. Personagens podem se desviar do eixo vez ou outra, ainda mais se isso for bom para o jogo. Trará mais profundidade e drama ao role play.

3ª) “Família” acima de tudo

Se o grupo enxerga os alinhamentos como leis escritas na pedra, talvez uma votação democrática seja o melhor caminho para resolver conflitos.

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Em eventos as pessoas não se conhecem e por isso votam! Zero conflitos de alinhamento

Assumir a vontade da maioria é nobre e não fere o role play do seu personagem

Quando os alinhamentos começam a falar mais alto do que o bom senso e a razão, uma votação deve ser feita. Nestes casos, o jogador que perder interpreta sua insatisfação com resmungos, indiretas e até orações furiosas, mas o jogo avança. Se você garantir que não existe panelinha, isso vai dar certo na maioria das vezes. Lembre-se que panelinha é uma babaquice escrota!

4ª) Pior melhor amigo

As vezes os conflitos envolvem os mesmos personagens e jogadores. É o ladrão que só faz merda, o bárbaro que só arruma briga ou o paladino que não aceita ser contrariado, vive recriminando os outros e as vezes ameaça os companheiros com punição divina e violenta através de sua espada!

Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons – 1983) | InfanTv -
Afinidades variam, mas violência contra um membro do grupo nunca será bom!

Toda galera tem aquela pessoa menos flexível. Mas geral suporta o mala a décadas!

Nestes casos eu costumo apelar para a relação de Hank e Eric de Caverna do Dragão. Eles discordavam em tudo, mas no final estavam sempre se defendendo. O antagonismo fraterno comum em grupos de amigos funciona bem, adiciona uma carga de conflito saudável e reforça os laços de amizade. Deixe que cada um tenha o seu “pior melhor amigo”. Só evite ofensas entre os coleguinhas hein!

5ª) Nem os deuses ligam!

Os personagens religiosos costumam causar muitos problemas por conta de conflitos entre sua religiosidade e as ações do grupo.

Monty Python em Busca do Cálice Sagrado | Netflix

Se você não quer ser confrontado em sua fé deveria ficar no mosteiro com seus iguais!

Fanáticos intolerantes só andam com seus iguais, mas missionários errantes devem ser flexíveis. A diversidade é inevitável aos que peregrinam pelo mundo e são os missionários errantes que precisam ser aceitos pela sociedade e não o oposto. Fazem bem em interpretar sua religiosidade como forma de garantir seus poderes divinos e apresentar sua fé evangelizadora, mas isso não deveria virar o foco do jogo ou ferir a diversão do grupo.

É duro dizer isso, mas os deuses não ligam para o que seu grupo de mortais esta fazendo na taverna, se enganam ou não um NPC ou se usam métodos sujos! Os Deuses não vivem para te observar, você que deve chamar a atenção deles para si!

Aqui fica um apelo ao GM para que pare de fazer os deuses se importarem com cada frase dita em mesa. O jogador pode achar que seu personagem é a menina dos olhos divinos, mas não de motivos para isso!

Não faça de cada clérigo do grupo o messias divino que vair reformar o universo. Deixe ele ser um servo em aprimoramento, cheio de culpas e conflitos, mergulhado em pecados ou desejos mundanos….deixe eles serem normais, mas com uma fé que não seja tão frágil que não suporte “os pecados” do ladino, por exemplo!

Os incomodados que se mudem

Por fim, se nada der certo, eu confesso que uso o tal role play 100% contra os jogadores causadores de confusão

Eu jamais dormirei sob a vigilância de alguém que eu não confio

Sabe quando dois jogadores não param de brigar e ficam sempre alegando que estão apenas “interpretando o personagem”? Pois bem, quando chega no ponto em que não existe acordo de forma nenhuma e todo mundo fica apelando para “coerência do role play”, eu mando a real na lata! Alguém vai ter que fazer outro personagem.

Pode parecer escroto de minha parte, mas se o paladino e o assassino não conseguem fazer nada sem brigar e se ameaçarem de morte, por que andariam juntos? Vamos olhar pelo ponto de vista da “coerência da história”, não faz sentido isso. Seria melhor alguém ir embora e até virar um antagonista no futuro, mas viver junto não dá mais!

Despedida de Uchiha Sasuke - Shattered - YouTube

Se os jogadores insistirem nesse papinho de que “meu personagem nunca aceitaria isso” ou “o que ele fez fere minha divindade”, então eu sugiro que o personagem seja retirado do grupo. Sugiro guardar o personagem para outro grupo, pois neste não ta rolando. Entendo ponto de vista e admiro o compromisso com o role play, mas a unidade do grupo é mais importante do que um único personagem deslocado.

Fazer parte de um grupo de aventuras é como ser irmão de armas numa guerra, você confia sua vida aos outros e todos colocam as diferenças de lado quando o bixo pega! Se um personagem não está neste espírito, ele não deveria aceitar viver essa mentira e o grupo poderia também optar por convidá-lo a achar seu próprio caminho!

Jogador: “Olha GM eu não vou deixar as decisões do grupo atrapalharem meus objetivos. Vou pelo outro lado! Que que acontece?

GM: “Beleza! Faz outro personagem ai, depois eu digo como terminou a jornada deste, mas é que a campanha é sobre as aventuras do grupo”

E o que me dizem?

E na mesa de vocês? Já rolou esse tipo de conflito de alinhamento, comportamento ou fé? Como vocês resolveram isso?

Deixa um comentário e entra no debate.

Abração


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