Hey queridos!
Hoje estou aqui para apresentar uma artista muito massa.
Fale um pouco sobre você e o seu trabalho.
Olá, meu nome é Jade Emmanuelle (Manu), tenho 25 anos, sou paranaense porém resido há 7 anos na capital mineira, Belo Horizonte.
Sou tatuadora aprendiz, ilustradora e body piercer. Desde criança sempre estive com lápis e giz de cera na mão, lia muitos HQ’s e assistia filmes de horror, Arquivo – X entre outras coisas do gênero com meu pai.
Meu pai foi a pessoa que me influenciou a gostar de heavy e thrash metal.
Quando comecei a levar o desenho a sério, foi quando comecei a fazer caricaturas das minhas amigas na escola. Nunca tive muito interesse em fazer faculdade, pois não sabia bem o que queria ser e fazer, já tive muitas profissões temporárias em várias áreas, então só há poucos anos percebi que deveria fazer o que eu achava que era um sonho impossível, ser ilustradora e tatuadora, que sem a ajuda do meu companheiro que me apoia muito, isso teria sido impossível.
Em 2017 adquiri um iPad e comecei a finalizar esboços e colorir desenhos sem mesmo ter feito algum curso, quando fui evoluindo nos traços desisti da arte digital, que hoje em dia não faço questão mais de usar, somente se precisar de algum reparo. Fiz algumas artes para bandas e selos na época, mas por conta de outro trabalho não tinha muito tempo nem mesmo o material ideal pra fazer o que eu queria.
Em 2019 comecei a divulgar profissionalmente os meus desenhos no underground, surgiram alguns zines, bandas e selos interessados. Em Outubro de 2019, tive a oportunidade de fazer uma borda para uma contra-capa, no estilo gravura medieval para uma banda da Malásia, depois disso meu trabalho foi bem divulgado e surgiram novas oportunidades. Minha arte está para ser lançada fora do país novamente, agora em um zine underground da Rússia. Este ano comecei na tatuagem e estou me dedicando simultaneamente às ilustrações.
Quais foram os principais artistas que influenciaram o seu trabalho?
Muitos artistas influenciam meu trabalho, artistas dos anos 70/80 e artistas atuais, os principais e obrigatórios pra mim são Frazzeta, Caldwell e Sanjulían e autores como Tolkien, Moorcock, Lovecraft… são muitos a ser citados mas que me influenciam de alguma forma.
Também tenho influências de jogos como Warhammer e D&D, além de jogos digitais de MMORPG.
Como começou a desenhar profissionalmente?
Nunca fiz nenhum tipo de curso para aprender a desenhar, me considero uma iniciante na arte, comecei a observar bem os traços nas ilustrações com hachuras, sou boa observadora e detalhista, sempre tive facilidade em aprender técnicas. Ainda não me considero uma profissional em técnicas, mas creio que os melhores são os que criam e aprendem sozinhos com muita força de vontade, os que criam uma identidade própria na arte.
Quanto aos meus traços, me inspiro em gravuras medievais e hachuras como em HQ’s antigas e livros/módulos de RPG.
Se sentiu alguma dificuldade ou diferença por ser mulher nesse segmento?
Sinto que fui bem recebida no meio artístico depois que melhorei minha técnica, conheci artistas incríveis e que também são autodidatas, ainda mais quando virei tatuadora.
Ao mesmo tempo, venho refletindo muito sobre a dificuldade em conseguir vaga em estúdios, a maioria só com homens, ou só mulheres, poucos são misturados. Conversei com amigas e amigos tatuadores que estão há mais tempo na área, para saber se era um equívoco meu, e me confirmaram que isso realmente acontece, que há um desconforto e dificuldade por parte de alguns homens lidarem e trabalharem com mulheres nessa área, acredito que em várias áreas, (risos). E isso também acontece com mulheres tatuadoras que as vezes precisam lidar com partes mais íntimas do cliente para tatuar e colocar piercing. Há vários casos de assédios, mas é algo que infelizmente causa alarde na hora mas rapidamente é esquecido. Pouquíssimos homens me procuram para colocar piercing ou tatuar, a maioria são amigos.
Sobre as ilustrações o apoio é muito maior em partes, por eu ser mulher sinto que chamo mais a atenção, as vezes penso que toda a atenção é voltada mais para nosso pessoal do que profissional, como uma amiga que é ilustradora por exemplo, ela recebe mensagens desagradáveis e muitos homens ainda acham que é isso que queremos, que só queremos chamar a atenção, não enxergam que na verdade dedicamos e damos o melhor que tem dentro de nós para a arte, e acham que nós nos sentimos bem e satisfeitas recebendo elogios grotescos e sexuais, na verdade isso não são elogios e sim assédio, e isso deixa sequelas muito grandes.
Se fosse ficar citando situações desagradáveis escreveria um livro.
A mulher quando tem uma qualidade profissional que permite que ela seja livre, na nossa sociedade ainda é mal visto por homens e mulheres que provavelmente ainda não se encontraram e que tem muitas inseguranças.
Que dica você acha que faria a diferença na carreira das novatas? Sabe aquele conselho que o seu eu de hoje daria ao seu eu do passado?
1) Não deixe que ninguém te diminua por ser mulher, ignore qualquer insinuação machista.
2) Nunca pense que você não é boa o suficiente para conseguir algo, as oportunidades nunca irão aparecer se você não for confiante no que faz e insegura de si mesma.
3) Não se importe com fama, com curtidas, com inveja. Irão te apoiar os que realmente gostam de você e das suas qualidades, e isso é bem fácil de identificar. Dê valor e atenção a quem te valoriza e te apoia e não dê atenção a quem acha que pode ser uma versão melhor de você. No meio artístico existem muitos usurpadores, pessoas que poderiam apenas se inspirar em você mas que na verdade te odeiam sem motivo.
4) Dedique seu tempo e sua vida às suas qualidades, as coisas que te deixam bem, seja uma pessoa saudável. Na arte sempre procuramos a perfeição, não tente fazer as coisas correndo, se errar, comece de novo, não se importe com o tempo que isso possa levar, sempre vai ter uma boa hora pra você finalizar aquela arte ou começar a esboçar algo, se fizer tudo com pressa as frustrações vão ser maiores e você nunca irá evoluir.
5) Quando você consegue algo, vai perceber que ao mesmo tempo que muitas pessoas se afastam, muitas se aproximam. É nesse momento que a gente realmente “se encontra” na vida.
Muito obrigada Carlos Castilho pela oportunidade, por dar voz a uma mulher nesse meio que ainda tem muito pra evoluir. Quero agradecer também a todes que me ajudaram e me incentivam a crescer profissionalmente.
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