Criando os aliens de Black Troopers eu me deparei com o problema de que muitos mestres poderiam ficar perdidos na hora de usá-los em combate por não conhecerem as criaturas. Isso também acontece em D&D quando o mestre usa tabelas aleatórias e esbarra com monstros que nunca nem leu a ficha. Usar os monstros da “forma certa” conforme seus instintos, costumes, contexto e táticas é um trabalho ingrato as vezes.

Eu poderia escrever um texto mais longo sobre os aliens descrevendo tudo isso, mas isso consumiria muito espaço do livro, o que deveria ser o caso em se tratando de um bestiário, mas não em um manual básico de regras. Desta necessidade surge o post de hoje.

Problema agnóstico

De quebra, este post também pode servir para quem mestra outros jogos cheios de monstros e criaturas bizarras, pois algumas pessoas ficam meio perdidas sobre estratégias, instintos e formas de usar as criaturas de maneira mais eficaz. Nunca mais quero me sentir em dúvidas se um “beholder lutaria assim mesmo ou não”.

Hoje eu quero apresentar uma forma de tornar as ações dos monstros mais automáticas ou procedurais.

Problema pessoal do PEP

Além do problema da estranheza dos aliens de Black Troopers, o fato é que ao mestrar D&D 3, 4 e 5 eu tive dificuldades em usar um monstro aleatório sem ter que pausar o jogo para ler uma ou duas páginas A4 inteiras, por conta das diversas habilidades e recursos dos monstros. Eu uso encontros aleatórios e quanto mais complexas forem as fichas dos monstros, mais eu tenho a sensação de que posso estar usando os monstros “errado”.

Estou lendo “Os monstros sabem o que estão fazendo”, mas não acho que ler 300 páginas seja o caminho mais curto!

O dilema do PEP

Eu gosto dos monstros com habilidades únicas e truques para surpreender jogadores, mas ao mesmo tempo não consigo mais parar para ler as fichas com calma e bolar estratégias ou formas melhores de usar as táticas dos monstros. Então eu precisava de alguma forma unir a simplicidade do D&Dzinho da Grow (base do Black Troopers) com as opções que eu curto em alguns bestiários modernos.

A solução para meus jogos

O caminho que eu adotei foi a inserção de habilidades com gatilhos! Sim, eu notei que ao criar gatilhos para os monstros eu posso jogar livremente, pois ele “vai se jogar sozinho”. Não preciso decidir a melhor hora para usar uma habilidade especial, se na ficha disser quando ela entra em ação.

Eu sei que não tem nada de novo nisso e também sei que esta abordagem fica meio mecânica ou “video gamezada” ou que talvez possa parecer mais indicada para monstros bestiais, irracionais ou secundários, mas para mim tem funcionado e talvez te ajude também.

Tabelas! Eu quero tabelas!

Bom, para não ficar só no campo das ideias, eu fiz umas tabelas para ajudar nisso. Aliás, essas tabelas são baseadas nas ideias que eu usei para criar os aliens de Black Troopers.

1d10Gatilho para a habilidade
1Ao tirar 15 ou mais no dado de ataque
2Após a morte de alguém
3Acertar o alvo por 5 ou mais, além de suas defesas
4Causar dano X no ataque
5Ao pegar um alvo de surpresa
6Em um acerto ou falha crítica
7Ao sofrer mais de X de dano em um ataque
8Ao perder mais de X% de seu HP
9Ao ser atacado por mais de 3 inimigos na mesma rodada
10Ao receber dano mágico ou psíquico

E afinal, será que aquele necromante maligno não poderia ter habilidades automatizadas por gatilhos também?

1d10Tipo de habilidade
1Ataque extra
2Ataque especial
3Recupera HP
4Ameaça com jogada de proteção
5Complicador automático (agarrar, engolir etc)
6Aumentar efeito do ataque
7Movimentação inesperada
8Ataque ou efeito em área
9Modo ou postura diferente
10Receber ajuda

Exemplos com o Necromante

Eu uso este método com qualquer monstro, até por gostar de por poucos combates e contra poucos inimigos, preferindo assim uns violentos e poderosos! Como o necromante tem muitas magias fica meio difícil de controlar com 100% de eficácia. A maioria dos bestiários OSR falam apenas “conjura magias como mago de nível x” e como eu não manjo muito de magias, optei por criar habilidade engatilhadas, vamos ver como poderia ficar?

Convocar zumbis

Gatilho: Morte de alguém
Efeito: Receber ajuda

Sempre que algum ser vivo morrer em combate, o necromante tem uma chance de 3 em 6 de levantá-lo dos mortos como um zumbi. Isso não consome sua ação, pois ele é um vilão brabo e eu uso muito monstro solo nos meus jogos!

Dreno de vitalidade

Gatilho: Acertar ataque por 5+
Efeito: Recuperar HP

Sempre que a rolagem de ataque corpo-a-corpo do necromante superar o número alvo (defesa do alvo) em 5 ou mais ele recupera HP igual ao dano causado.

Drenar a alma 

Gatilho: Em falha crítica do PJ
Efeito: Ameaça com jogada de proteção

Se o necromante não tiver agido ainda em seu turno e um inimigo obtiver uma falha crítica o atacando, existe uma chance de 2 em 6 de que a alma do atacante seja sugada pelo cajado maligno do vilão. Será preciso destruir o cajado em 1 rodada ou uma jogada de proteção será a única forma de impedir essa morte horrível!

Forma decadente

Gatilho: Perder 70% de HP
Efeito: Modo de combate diferente

Quando o necromante perde 70% de seus pontos de vida haverá uma chance de 1 em 6 dele assumir uma forma morta-viva mais poderosa. Essa chance aumenta em 1 a cada rodada, então matem logo ele! Afinal, essa forma nova pode ter dreno de nível, imunidades a armas normais, forma fantasmagórica ou resistência a magia!

Lembrando que estes são só exemplos para dar uma ideia da proposta. Eu mesmo não usaria todas essas habilidades juntas.

E você, o que acha desta abordagem? O que costuma fazer para contornar o problema das táticas e do melhor uso dos monstros? Isso não é problema para você? Manda teu papo ai nos comentários pow!


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