Eu ja falei bastante sobre encontros aleatórios, mas hoje não quero falar sobre a criação de tabelas iradas, nem sobre como deixar os encontros mais legais e não trarei outra tabela de encontros automatizada.

Hoje falaremos sobre encontros aleatórios e improviso como ferramentas narrativas incríveis.

Introdução do experimento

Atualmente estou com uma mesa semanal para play test do BXP Herético e por isso eu não queria investir meu tempo criando plots e aventuras. Por isso decidi que resumiria as missões a uma frase que apresentaria um problema e os jogadores cruzariam o mundo em jornadas para resolver estas missões.

Baseado nisso eu tomei a decisão de usar uma versão do mundo real com baixa magia como cenário. Optei pelo século X e o jogo iniciaria na itália. Usando o google earth poderiamos traçar e registrar as rotas de viagem do grupo. As batalhas foram todas travadas no Talespire, onde eu tenho uma coleção vasta de mapinhas prontos!

Forte Calabria, a versão italiana do Keep on the borderlands no Talespire

A missão proposta

Eu iniciei a campanha com um desafio bem cliché. A filha do Conde local estava enferma e ninguém conseguia curá-la. Um dos personagens do grupo é um xamã africano que sabe fazer alguns amuletos e cajados mágicos, incluindo um de curar doenças, mas precisaria do coração de um troll para isso. Já tínhamos o rumo da campanha.

Craft mágico estará no livro de regras do BXP medieval

Agora o grupo precisaria de um navio para cruzar o mar mediterrâneo, arrumar um guia na Alexandria para cruzar o rio Nilo até os pântanos do Sudão, onde moram os Trolls. Pronto! Agora bastava colocar as tabelas de encontros em uso e improvisar sobre elas.

Google earth auxiliando no controle das jornadas

Preenchendo lacunas com encontros

Eu ja tinha a missão principal e agora era hora de improvisar. O grupo arrumou patrocínio para uma viagem de 30 dias, com comida, navio, tripulação e mercenários pagos. Dai pra frente eu comecei a usar as tabelas de encontros aleatórios e vamos ver o que que rolou?

1) Pterodáctilos

Eu não curto encontros de combate, mas prefiro que os combates surjam da reação dos jogadores. Por isso descrevi que eles avistaram uma ilha estranha que estava fora dos mapas. Ali eles viram os pterodáctilos sobrevoando uma montanha e no litoral carcaças de navios naufragados. O grupo decidiu ignorar, mas ficou ali um gancho para uma aventura de caça a tesouro no elo perdido. O grupo não foi até a ilha, falaram que iriam na volta, e assim eu não criei nada, apenas a semente de aventura, mas já catei uns mapinhas de ilhas do tipo “elo perdido”.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Grupo observando a ilha perdida no meio do mar

2) Orcs com tochas coloridas e um crocodilo gigante

Neste encontro, o grupo se moveu furtivamente até encontrarem a fonte das luzes verdes que avistaram. Eram orcs e eu improvisei que seriam cultistas em meio a algum tipo de ritual na beira de um rio. Neste caso rolou uma emboscada dos jogadores (O anão odeia orcs!) e a revira-volta ficou por conta do crocodilo, que surgiu no meio da batalha atraido pelos sons e luzes. Foi brutal!

Mais um gancho de aventura, desbaratar o culto de orcs na região. Eu não tenho a menor ideia do que eles iriam fazer, nem a quem prestam culto… mas se o grupo quiser investigar, eu vou descobrir com eles!

Pode ser um desenho animado de texto
Orcs ao fundo fugindo enquanto o crocodilo destruia a ponte do grupo!

3) Esqueletos atacando elfos

Navegando pelo rio Nilo obtive um encontro com elfos sendo atacados por esqueletos. Neste caso eu improvisei um incêndio e gritos vindo da margem do Rio. Era uma vila de camponeses que ao coletarem lenha na floresta local esbarraram com mortos-vivos que guardam uma tumba perdida. O elfos eram de uma ordem de caçadores de demônios em busca da tumba, mas no fim morreram e apenas uma sobreviveu para contar a história e integrar o grupo.

Mais um gancho de aventuras, explorar a tumba na floresta. Eu não tenho a menor ideia do que tem na tumba e so saberei quando os jogadores decidirem ir lá!

Pode ser uma imagem de fogo
Vila em chamas, tumba perdida e elfos caçadores de demônios, tudo no improviso.

4) Humanos atacando um dinossauro

O grupo estava na floresta, quando encontraram o rastro de humanos e um lagarto grande. Inventei q eram pigmeus caçando um tipo de dinossauro de médio porte. O grupo aqui interveio em favor do dinossauro e enquanto ocorria a batalha, um dos jogadores tentava montar e acalmar o bicho. No final eu achei legal inserir um druida amigo do dinossauro para gerar conflito.

O druida ficou em divida com o grupo e os guiou pela floresta até o pântano. Aqui não tivemos ganchos de aventura, mas uma antecipação do perigo, pois o druida falou que no pântano haviam trolls e a tribo do sapo, embora eu não tivesse a menor ideia do que seria essa tribo!

Pode ser um desenho animado de ao ar livre
Pigmeus, druidas africanos, dinossauros e muito mais, nas rolagens aleatórias.

5) Homens sapo, trolls e reféns

O pântano era o destino final do grupo. Então deveria ser algo bem movimentado. Eles encontraram algumas patrulhas da tribo do sapo, que iniciei narrando como monstros, mas após alguns encontros se revelaram apenas humanos vestindo carcaças de sapos gigantes.

Num destes encontros, havia uma menina hindu de refém da tribo do sapo (rolei isso também) e no centro do pântano rolou uma batalha sob a vigilância de um troll!!!!! O maldito troll deu as caras, arremessou umas pedras e sumiu.

Aqui mais um gancho de aventura: Levar a refém para sua casa na índia, e isso vai virar a missão da segunda temporada da aventura

Pode ser um desenho animado
O grupo precisou fugir das rondas de homens sapos e se abrigar de trolls.

6) Trolls, trolls e aliados inesperados

Num dado dia, o grupo estava fugindo de uns 15 homens da tribo do sapo quando foram emboscados por por um troll, na verdade 2 e uma era xamã! Rolou uma luta brutal, mas a tribo do sapo ficou só observando. Quando pareceu que a maré virou a favor dos jogadores, os sapos comemoraram e ajudaram a matar a trollesa xamâ. O grupo assim descobriu que os trolls eram inimigos da tribo do sapo e um panorama político local emergiu ali.

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Rolou uns encontros com anacondas e crocodilos. É a biodiversidade brutal!

No ultimo dia o grupo acabou encontrando o covil dos trolls. Eram as ruínas de um forte antigo, tomado por trolls. Rolou uma aliança dos jogadores com a tribo do sapo, mediada pelo Xamã do dinossauro e uma grande investida foi organizada contra o covil dos trolls.

No final o grupo teve que fugir, pois surgiu um troll gigante, mas eles já tinham conseguido o coração de um troll e até mesmo furtar umas 2000 moedas dos tesouros deles. Quanto ao forte em ruinas e seu conteúdo, nem me pergunte o que tem lá dentro, pois não rolei estes dados!

Novo gancho de aventura: Explorar o covil dos trolls, mas o grupo não tá animado em voltar para lá não!

Pode ser um desenho animado
Covil dos trolls. Rolando nos dados a gente viu como é forte uma tribo troll!

Considerações finais

Se você tá lendo ainda, muito obrigado. Espero que tenha curtido os relatos e ideias, mas acima de tudo, que tenha brotado em você o desejo por algo similar. Exercite o improviso, explore as tabelas de encontros e se surpreenda com o que emerge naturalmente da narrativa criada na sua mesa. Muitos ganchos não serão explorados, mas tudo bem, pois você não perdeu tempo criando nada, foi tudo fluido e improvisado.

Tente ao menos uma vez e tenho certeza que logo logo estarás montando uma coleção de tabelas iradas para ajudar no improviso também! Nesta aventura eu usei as tabelas do D&D rules cyclopedia, que você encontra automatizada clicando aqui.

Se você tem alguma XP pra compartilhar sobre este assunto, deixa ai nos comentários!


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