“Vocês estão em desespero total. Os golpes do guerreiro não ferem o demonio, o clérigo esgotou toda sua fé e o ladino já tombou faz tempo. O chicote de chamas infernais e a lâmina elétrica da espada demoníaca anunciam o fim da linha. Porém uma grande luz surge na sala e durante a cegueira vocês ouvem o grito do demônio ao tombar morto. Sir Arthuro Oliver sorri para vocês enquanto sua capa tremula ao vento e sua espada vingadora sagrada vorpal defensora goteja o sangue do diabo e blablabla, meu NPC é brabo….

GM Arthur de oliveira


O relato acima é meramente ilustrativo, mas bem que você lembra da campanha onde o GM tinha um NPC onipotente com 18 em tudo que salvava o dia todo dia.

Mestres de RPG, muitas vezes, enfrentam o dilema de decidir o quão poderosos e proeminentes devem tornar os seus NPCs e a tentação de introduzir uma figura lendária, um salvador supremo, é compreensível, mas é crucial entender o impacto que isso pode ter na experiência dos jogadores.

Bora falar disso hoje? Então vou apresentar algumas ideias e depois vocês comentem ai, desabafem e chorem as suas dores… o tio Pep ouve vocês!

silhueta de grupo de aventureiros de RPG viajando em uma paisagem panoramica como no filme senhor dos aneis
Bora la ver o que o NPC vai fazer pra salvar o dia?

O jogo é sobre a jornada dos PJs e não dos NPCs

A presença de NPCs superpoderosos, capazes de resolver qualquer desafio em um piscar de olhos, pode minar a experiência dos jogadores. Já vi amigos se recusando a jogar em Faerûn porque sabiam que quando o bicho pegasse seria o Elminster ou o Drizzit a salvarem o dia.

A narrativa de um grupo de aventureiros de RPG é, antes de tudo, a história deles. Ao introduzir um personagem que constantemente salva o dia, o mestre inadvertidamente diminui a importância e a autonomia dos jogadores, deixando-os como meros espectadores em sua própria jornada.

Escreva um livro, mas não use a party de plateia.

Eu acho que NPC salvador é pior que aventura rail road. Pois é, e digo mais: Ao presenciar a intervenção constante de um NPC queridinho do GM, os jogadores experimentam um mix de sensações diferentes das esperadas de uma jogatina boa. Frustração, desmotivação, raiva e a perda da sensação de conquista e superação. A diversão da bagaça fica comprometida quando a resolução dos desafios não está nas mãos dos próprios jogadores por conta de um GM dodói que narra pra si próprio e usa o grupo de plateia.

Escreva um romance ou encare a masmorra como player, mas não abuse do papel de GM pra atender a delírios de grandeza. Faz teu nome nos dados!

imagem para o header de um post sobre D&D com um NPC salvando o grupo de jogadores
Grupo bolando o assassinato do NPC… que sobreviveu ate a bomba atômica

A Importância da Colaboração

O RPG de mesa é um jogo colaborativo, onde todos os participantes contribuem para a construção da narrativa. Dar espaço aos jogadores para enfrentar desafios, superar obstáculos e, por vezes, fracassar, é crucial para o desenvolvimento das personagens e para a imersão na história.

A dica aqui é para não colocar desafios insuperáveis ou becos sem saída onde a falha dos jogadores encerre o jogo, pois cedo ou tarde os dados vão sacanear a galera. Se você não colocar o gatilho do apocalipse em um lance de dados nunca precisará sacar um NPC salvador de ultima hora.

O lugar de NPC não é onde ele quiser!

Mestres, ao criar suas narrativas, lembrem-se de que os jogadores são os protagonistas. Permitam que eles enfrentem desafios, tomem decisões significativas e escrevam sua própria história. NPCs podem ser aliados, mentores ou até mesmo adversários formidáveis, mas é crucial manter um equilíbrio que valorize as escolhas e ações dos jogadores.

Ao permitir que os heróis tenham os holofotes, você não apenas fortalece a experiência de jogo, mas também proporciona aos jogadores a satisfação única de superar adversidades e moldar o destino de suas próprias lendas. O verdadeiro encanto do RPG reside na imprevisibilidade e na beleza das histórias que emergem da colaboração entre mestre e jogadores.

Dungeons & Dragons Review: | Gamers

No filme de D&D tivemos um casso clássico de NPC salvador, mas ainda bem que foi tudo feito com muito bom humor e não ocupou o filme todo. Alias, eu ate achei a atuação do Regé-Jean Page bem regular e monotônica, quase como um cigano Igor (só noveleiro das antigas vai pegar a referência). Mas achei isso bom, NPC tem que ser assim mesmo kkkkkk

Antes de finalizar…. deixa eu falar 3 coisas

Primeiro: É óbvio que eu já fiz essa merda de colocar NPC boladão que salva a lavoura o tempo todo. Mas a gente melhora com o tempo e para com essas pataquadas. Hoje eu sigo mais o estilo goblin slayer onde os NPCs nem nome tem, é Darklord, Sr. Padeiro, Mestre ferreiro, Madre superior e grande rei. kkkkk

Segundo: Converse com seu GM. Não precisa abandonar a mesa nem romper a amizade, mas talvez juntar a galera e fazer uma intervenção seja uma boa ideia. Lembre-se que no final a ideia é geral se divertir e construir histórias doidas de mais.

Terceiro: Quero ressaltar também que não estou falando de virar babá ou fã dos jogadores (eca, longe de mim!). Não falo também de facilitar as coisas ou tirar os riscos do jogo. Mas apenas deixe que o grupo viva ou morra a própria aventura, mesmo que o final seja um total fiasco.

Deixe o jogo fluir! os jogadores preferem morrer como protagonistas do que viver como coadjuvantes de NPC.

Faz sentido essa groselha toda? Deixa teus 2 dedinhos de desabafo ai ou conta algum causo doido e entra no papo.

Abração do PEP


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