Saiba porque as coisas boas da vida estão na simplicidade
Não é segredo pra ninguém que eu curto muito um estilo de jogo Old School, adoro D&D e prefiro jogar Old Dragon do que D&D 5 e o D&D da Grow ao D&D4. Porém, todavia, entretanto… todo mundo sabe que não escondo minha apreciação por jogos modernos como FATE, Savage Worlds, The One Ring e meu amor declarado por Blood & Honor e Shotgun Diaries, dois jogos “diferentões” que a RBX lançou por aqui no Brasil. Tenho até uma resenha/unboxing de B&H no youtube
Mais do que ser OSR ou não, um jogo me ganha pelo volume de regras e complexidade do sistema…sendo que para mim, menos é mais!
Levando em conta que 80% da minha vivência no RPG foi imerso em Fantasia medieval e considerando que eu prefiro os jogos com regras leves e livros pequenos (DCC é a ÚNICA exceção), não poderia deixar de me apaixonar por THE BLACK HACK… E é sobre ele que venho falar hoje.
O que é The Black Hack?
É um jogo OSR de 20 páginas (Já ganhou meu like) escrito por David Black e lançado pela Gold Piece Publications. O livro é simples, sem um grande projeto gráfico ou ilustrações bonitas, na real, acho que nem tem ilustrações!
Entretanto, TBH obteve grande êxito e por isso existe um número expressivo de hacks baseados nele, sem falar de outros jogos que não são hacks propriamente ditos, mas foram muito influenciados por ele (como o jogo brasileiro Espadas Afiadas e Feitiços Sinistros).
No livro, o autor define sua obra da seguinte forma:
“The Black Hack (TBH) é um RPG de mesa tradicional, jogado com papel, lápis e dados que tem como base o RPG de Fantasia original da década de 70. Em contrapartida, novos elementos são adicionados e outros retirados, tornando-o um jogo com a alma do RPG original sob abordagem concisa e simplificada.”
O público alvo
Este jogo é OSR em sua essência e por isso pode atrair inicialmente essa galera que curte jogos OSR, porém eu me arrisco a dizer que, por sua simplicidade de regras, número de páginas e facilidade de acesso, este jogo pode agradar aqueles que querem um sistema mais enxuto e até minimalista.
Pais que desejam iniciar os filhos no hobby, jogadores novatos que não sabem por onde começar e apaixonados pelo espirito OSR vão apreciar este jogo por motivos diferentes, mas tenho certeza que a diversão será garantida!
Então persevera na leitura se a proposta te interessou…
O sistema de regras
O jogo basicamente consiste em rolagens de d20 onde você precisa tirar números menores que seus atributos (tá! Não curto isso). Os atributos por sua vez são gerados com os tradicionais 3d6, com uma ou duas mecânicas diferentes para impedir personagens muito desequilibrados (isso eu curto!).
Você tem 4 classes de personagens apenas (guerreiro, mago, clérigo e ladrão) e estas classes lhe garantem um dado de vida, treinamento com armas e não mais do que 3 ou 4 habilidades. O dano independe de armas, é determinado pela classe, logo vou poder jogar com aquele Belmont de chicote e conseguir matar demônios!
As armaduras funcionam como pontos de vida temporários (existe 2 regras alternativas num suplemento) e seus bônus atuam como penalidade nas rolagens de ataque e esquiva caso sua classe não conceda o devido treinamento para seu uso. Legal que você poderia ser um mago de armadura aqui!!!! Alías, como o dano é fixo, você poderia ser um mago, usar uma espada e uma full plate!
A grande sacada do jogo para mim é a regra dos dados de uso. Você deve ter visto eles em EA&FS. Pois bem, o gerenciamento de recursos dos jogadores não é feito mais anotando cada unidade de flecha, tocha, ração etc… agora os itens consumíveis possuem um Dado de Uso. Sempre que você usar o item rola este dado, caindo 1 ou 2 você reduz o dado e no próximo uso do item rolará um dado imediatamente menor (no número de faces). Isso acontece até você chegar no d4, onde o item se acaba quando 1 ou 2 forem rolados.
Assim como as carreiras de BoL, eu voto por dados de uso em todos os jogos!
O combate é muito simples e os monstros também. Não temos regras para grids, miniaturas e combate tático, mas apenas 4 faixas abstratas de distância (perto, longe, etc). Basicamente, apenas os jogadores rolam dados, pois atacar e defender são testes de atributos. O mestre poderia inverter isso e fazer rolagens de ataque buscando tirar um número maior que o atributo do jogador, acho que foi isso que o Diogo Nogueira fez em EA&FS.
Por falar em monstros, eles são simples né!? Então suas fichas, se é que posso chamar assim, constituem-se apenas de Dados de vida e habilidade especial. O dado de vida já determina o dado de dano dos monstros e caso eles tenham mais dados de vida que os personagens dos jogadores, esta diferença vira penalidade para os testes do jogador.
O sistema também usa o conceito de Vantagem e Desvantagem do D&D 5 entre outras coisas que já estamos habituados, como testes de reação, danos críticos, e magia vanciana, embora as magias sejam muito simples e não tenham mais do que uma ou duas linhas na descrição de seus efeitos.
Onde eu arrumo esse jogo?
Se você se interessou pelo jogo, pode comprar o PDF original por 2 dólares no drivethrurpg ou o impresso por uns 4 dólares aqui!
Existe tambpem um site oficial com o CONTEÚDO ABERTO do jogo, onde temos links para todas as traduções existentes, incluindo nosso amado português! O santo que fez este milagre foi o Fernando Guedes, agradeçam ao cara por traduzir o jogo e o suplemento de regras alternativas!
Comunidade e materiais de terceiros
Como eu ja disse, o jogo tem muitos hacks… são hacks do hack! Tem sci-fi, apocalipse zumbi, cyberpunk etc. Como a galera curtiu o jogo, existe uma penca de conteúdos feitos por fãs. Novas classes, magias, monstros, regras de combate em massa, escudos de mestre etc. Confere essa coletânia que o dieheart fez.
Não perde tempo e entra na comunidade brasileira do jogo no facebook ou na comunidade gringa no G+.
Por falar em Hacks e materiais de terceiros…. eu mesmo estou fazendo um hackzinho deste jogo, com a ajuda especial dos meus amigos Felipe Gomes (o cérebro no jarro) e Marcelo Benzi. Vem coisa legal por ai!
Repositório BR
Curtiu TBH né!? Pois bem, saiba que nós também e por isso criamos um repositório para indexar, numa pagina única, todos os materiais criados pela nossa comunidade BR. A galera tem feito bastante coisa e eu sei que você vai curtir o acervo do nosso repositório aqui na GDM. Você também pode contribuir!
Envie um email para tbh@guildadosmestres.com.br com seu material ou site e nós iremos indexar no repositório.
É isso ai galera, espero que tenham curtido esta resenha – atrasada – mas ainda assim pertinente, pois o joguinho é bom pra caceta!
Vou nessa, pois tenho um hack a terminar!
Abração a todos e bons jogos!
PEP
22/02/2018 at 9:39 pm
Vou começar uma campanha (como jogador) num cenário da era do bronze. Personagem egípcio!
22/02/2018 at 10:08 pm
Um dos meus grupos tá bem empolgado com a série Altered Carbon. Um dos caras já mencionou querer mestrar um cyberpunk e eu mesmo tava vendo o Eclipse Phase pra Fate.
Agora que eu vi que tem hack pra cyberpunk, acho que vou mandar um dos links pra esse amigo que quer mestrar. Certeza que o hack baseado em tBH vai sair mais rápido que meu processo de ler, traduzir o que for preciso pros players que não leem muito bem em inglês… Sem contar as outras duas mesas com gente diferente, jogando outros jogos que eu planejo conduzir paralelamente esse ano (sendo uma delas o EA&FS!).
Já conhecia e admirava o Black Hack, mas foi muito proveitoso ler essa resenha “de bobeira”.
Abraços!
23/02/2018 at 12:59 am
eu tmb conhecia, mas nunca tinha lido, ate que li essa semana e pronto! tinha que resenhar e fazer um hack! Eu vi uns hacks pela net e é tudo bem tranquilo viu… cyberpunk vai ser suave ai… Procura por Mirrorshades, um hack q curti bastante
03/06/2018 at 11:59 pm
Muito bom, parabéns pelo lindo post! o/
30/08/2018 at 10:20 am
E o Indie Hack traduzido pela Fábrica Editora?
Prof. Gilson Rocha
30/08/2018 at 7:33 pm
Que que tem ele?
21/11/2018 at 1:45 pm
Perdão a demora, não devo ter recebido a notificação por email ou passou despercebida. Não fui claro no questionamento: qual a relação do Indie Hack com o The Black Hack? Semelhanças, diferenças, inspirações, variações.
Grato!
Prof. Gilson
21/11/2018 at 7:24 pm
Professor Gilson,
Eu não li o indie hack, mas algumas pessoas comentavam que parece mais com dungeon world do que com the black hack.
22/11/2018 at 4:26 pm
Grato pela atenção. Desta vez voltei aqui, o sistema não está enviando para o email mesmo.
Parabéns a todas e todos pelo ótimo material virtual!
Prof. Gilson