Bate papo com uma das autoras da nova aventura oficial de Old Dragon!
Olá roladores de dados!
Essa postagem dá continuidade a nossa série de entrevistas, todas focadas no processo criativo de autores nacionais de RPG. Nosso desejo é inspirar você a correr atrás do seu sonho de escrever/publicar seus próprios materiais.
Falando rapidamente sobre Franz Andrade, ela é autora de literatura fantática e técnica ópticauma. Além de curtir jogos eletrônicos, RPG e literatura, também é ativa no grupo oficial de Old Dragon no Facebook, tendo participado na produção de bons projetos para mesmo. Atualmente está vivendo a pré-venda do livro A Relíquia do Trovão, uma aventura oficial para Old Dragon que escreveu em parceria com Elisa Guimarães, para a Red Box Editora.
Vocês podem conferir a pré-venda através do link:
https://loja.redboxeditora.com.br/Reliquia-do-Vale-do-Trovao
Entrevista
Guilda dos Mestres:
De onde surgiu o tema por trás d’A Relíquia do Vale do Trovão?
Franz Andrade:
Desde que tive contato com o Basic D&D da GROW (a caixa preta), que queria um cenário pro jogo. Coisa que, infelizmente, nunca foi lançado no Brasil. Então, procurei há alguns anos atrás e encontrei em língua espanhola um cenário chamado Thunder Rift. Amei o cenário. Totalmente Vanilla e com uma pegada muito semelhante ao karameikos. Só tinha um ruim (e ao mesmo tempo não tão ruim assim, já que era uma boa sacada), era que a TSR Havia dividido o cenário em inúmeras aventuras. Você poderia ter uma descrição vaga, mas jogável, em um único suplemento de 36 páginas, ou, comprar umas 6 aventuras e ter o cenário completo. Eu me baseei nela para um certo modelo que estou criando.
Foi quando reli, Nas Montanha da Loucura, do Lovercraft. E tudo se acendeu em mim!
O Thunder Rift era um cenário bem clichezão, mas do tipo legal de clichê. Mas foi nele que pensei quando a RBX entrou em contato comigo para entrar no projeto das nova aventura do Old Dragon com as meninas. Mas o cenário que pensei de início era muito comum. Então resolvi repensa-lo num viés mais sério, tipo Ravenloft e tals. Mas aí percebi que ainda seria clichê rsrs. Foi quando reli, Nas Montanha da Loucura, do Lovercraft. E tudo se acendeu em mim! Depois para inserir tudo isso no sistema do Old Dragon foi um passo rápido e assertivo. O sistema é extremamente modular. Cabe tudo que é estilo nele.
Guilda dos Mestres:
Como funciona seu processo de escrita?
Franz Andrade:
Embasado em muita pesquisa, leitura minuciosa, e muita procrastinação! (Risos) É sério! Sou extremamente perfeccionista (o que é ruim, na verdade, por conta dos prazos). Então enquanto não achar o tom certo para uma frase ou um entendimento legal para determinada cena, demoro, e demoro. A Elisa foi definitivamente muito paciente e gentil comigo.
Para mim, um trabalho que pretende ser profissional não pode ser feito de uma solapada só. Se faz necessário muito esforço mesmo. Horas no PC, nos livros. Muita revisão e muita pesquisa. Não se pode simplesmente contar com inspiração se quiser que a ideia vá para o papel e de lá para uma gráfica. Pesquisar te dá o conhecimento que necessita para trabalhar a tua criatividade, e ao mesmo tempo vai de imediato te ajudar na inspiração. Ela vem, mas vem melhor e até mais arrebatadora após pesquisar sobre o assunto que se quer trabalhar. É o meu modus operandi. Para mim funciona.
Guilda dos Mestres:
Em quantos projetos paralelos você está?
Franz Andrade:
Além da aventura As Relíquias do Vale do Trovão, que será lançado pela RedBox editora, estou trabalhando com o amigo, o João Cordova Brasil, num cenário Baseado na África medieval, o Nyambe. Um suplemento do D&D que foge dos esteriótipos europeus de cenário. É quase uma reinvenção de um estilo, e fico sem entender como ficamos sem esse livro no Brasil.
Além do Nyambe, estou pesquisando para mais três trabalhos; duas aventuras e um cenário de horror. Fora do RPG estou revisando um romance. E, é claro, uns trabalhos de fã para fã. Mas tudo isso ainda tá meio que em Alpha. Estou sem PC no momento, e escrever em um iPad não é a coisa mais confortável do mundo. Não quando envolve tanta coisa. Estou pensando ainda em mais projetos para o futuro… Mas acho que penso demais (risos).
Ter seu nome na capa de um produto (livro) é muito bom, nossa, e como é!
Guilda dos Mestres:
Como é dar identidade a um produto com seu nome?
Franz Andrade:
É interessante, mágico e gratificante. Mas ao mesmo tempo tem um peso enorme! Você sabe que, se o produto falhar, não será só seu nome que falha com ele. Também há outras questões, há outros envolvidos por trás do seu nome. Há outros nomes! Pessoas que também depositaram confiança no seu trabalho; a co-autora, a revisora, a diagramadora, e as ilustradoras, a editora etc. E tudo isso pesa muito. E ainda mais no primeiro trabalho!
Ter seu nome na capa de um produto (livro) é muito bom, nossa, e como é! E ele dar certo é super gratificante. Mas, saber reconhecer que ele não é só seu, que o peso não é só seu, que há muitos outros nomes envolvidos, é muito graficamente também. Porque aí você sabe que não está só nessa capa. Teu nome representa todo um agrupamento de identidades.”
Guilda dos Mestres:
Existe uma fórmula a ser seguida para ter um livro publicado?
Franz Andrade:
Alguns dirão que sim. Que há toda uma técnica de vendabilidade e tal. Mas a verdade é que há muita sorte envolvida. O autor precisa ser bom, é verdade, ter qualidades vendáveis, tem que saber (e saber bem!) sobre o que se propôs a trabalhar. Mas também precisa ter a sorte de estar no lugar certo, na hora certa, e com a proposta certa.
Saber o momento, entende? De vender seu maior produto antes da sua obra ser vista e avaliada, a capacidade. Você deve mostrar que a tem mesmo antes de mostrar seu trabalho autoral. É claro que isso também não é uma fórmula 100% aplicável para todos os casos. Quem sou eu para querer afirmar isso. Mas para alguns isso dá bem certo. Faça portfólios da obra, trabalhe pequenos produtos relacionados, mostre o que sabe. Se mostre.
O autor precisa ser bom (…) Mas também precisa ter a sorte de estar no lugar certo, na hora certa, e com a proposta certa.
Guilda dos Mestres:
Quais autores inspiram você?
Franz Andrade:
Rapaz, vou confessar que estou num déficit enorme com a literatura contemporânea. Quase não li nada dos dias de hoje. Exceto; Anne Rice, Cristopher Pauline, Neil Gaima, John Ajvide Lindqvist, e Caitlín R. Kiernam. O resto é só literatura clássica estrangeira. Com isso também admito um total descaso com a literatura nacional. O que é ruim. Praticamente não li nada, exceto os clássicos também. E a poesia, que amo muito. Azevedo, Dos Anjos, Cruz e Sousa. Da poesia portuguesa amo Florbela Espanca. Tenho que me dedicar a literatura atual por um tempo. Me renovar.
Guilda dos Mestres:
Como você vê a produção nacional de rpg?
Franz Andrade:
Amando! Muita coisa boa mesmo! O RPG nacional parece correr para uma independência dos RPGs de fora. É claro que sempre haverão os Blockbuster estrangeiros entre nós, isso é muito bom, mas não serão mais tão unânimes como antigamente, como a dez anos atrás, por exemplo. Temos muitas editoras e produtos novos em um catálogo cada vez mais crescente. Eu mesmo, na verdade, tenho mais RPGs nacionais que estrangeiros; Old Dragon, Tormenta, 3d&T Alpha, EA&FS, Mighty Blade. Mas é claro que posso estar errada e a coisa desandar de repente nos anos vindouros…
Fim da entrevista.
É galera, espero que esse papo com a Franz possa ajudar vocês a colocarem a mão na massa!
Acreditem no seu potencial e transformem em realidade aquilo que habita o cofre das ideias!
Sempre desejando que vocês estejam rolando novos personagens, seu amigo Cérebro no Jarro.
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